segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Aluna do colégio é Jornalista por um Dia





A aluna da turma 82, Franciele Bordignon Dalla Costa,  orientada pela professora Geiza  Laize Dalberto, participou  do Programa Jornalista por um Dia do Jornal Pioneiro, tendo  seu texto entre os 100 publicados e os 30 melhores classificados numa seleção feita de 3.300 trabalhos. A aluna foi a Caxias do Sul  acompanhada da professora e das vice-diretoras Firleia Guadagnin Radin e Teresinha Todeschini Pieta , onde os classificados foram recepcionados no estacionamento da Câmara de Vereadores. Os 30 melhores receberam, além do certificado, uma viagem ao Parque Terra Mágica da Florybal . Parabéns, Franciele, você inspira  outros colegas a serem autores! 

Segue o texto publicado


A gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a engolir tecnologia moderna e a não ter outra vida que não a virtual. E, porque “não tem” vida, logo se acostuma a não  enxergar as pessoas. E porque não as vê, logo se acostuma a reclamar de todos. E, porque reclama, logo se acostuma a achar que o mundo não tem jeito. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, os passarinhos, os detalhes.
A gente se acostuma a viver isolado porque não gosta das pessoas. A ler livros por pura ocupação. A viver dentro de casa, porque sente medo da paz que o ar transmite. A saber de tudo o que acontece no mundo, porque precisa se sentir normal. A viver teoricamente equilibrado e feliz,  porque não gosta de demonstrar sentimentos para ninguém.
A gente se acostuma a beber água comprada em supermercado e a não sentir seu gosto. E, aceitando a “industrialização”, aceita a obesidade, o sedentarismo e a falta de frutas. E, não acreditando que haja problemas nisso, aceita deixar nosso paladar dormir.
 A gente se acostuma a viver e ver problemas. A ter desejo de mudança e continuar sentado. A ser revolucionário e não saber quem é nosso vice-presidente. A querer paz e gritar com o vizinho. A ser rotulado, generalizado, criticado, por simplesmente querer.
A gente se acostuma a chorar. Às mesmas matérias no colégio. A capacidade do ser humano em se tornar detestável. À falta de interesse na vida e na morte. À mesmice e insignificância cotidiana.  Se acostuma a não sorrir com os olhos, a rir sem achar graça, a conversar mesmo  não querendo  , a viver sem viver.
A gente se acostuma a ignorar. Acumulando dores, sofrimentos, assuntos inacabados. Se não gosta do que está fazendo, a gente se tranquiliza pensando que logo vai acabar. Se quer cumprimentar um amigo, mas não gosta da sua companhia, a gente faz um breve tchau e ainda acha que fez nada de errado.
A gente se acostuma a continuar, todos os dias, mesmo querendo dormir por um tempo.


Franciele Bordignon Dalla Costa – 13 anos

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